O DITADOR
Poema de Antonio Miranda
Preso, fechado, recluído
em círculo concêntrico
de segurança total
(existem vários pelo mundo!)
o Ditador que reles
se considera Imortal!
Fala demais
e opina sobre tudo
horas a fio (em cadeia nacional
apaixonado de sua voz
e grandiloquência
(ou prepotência)
enquanto coarta, cerceia
censura os demais.
Considera-se magnânimo
e outorga uma constituição
que concentra, multiplica
e amplia os seus poderes
enquanto aumenta
os deveres
dos mortais cidadãos.
Para os amigos (se os tem)
todos os privilégios
e para os inimigos
— inventa-os, persegue-os —
a dureza da lei.
Cercado de assessores
e bajuladores
— ventríloquos loquazes
capazes de qualquer perfídia
e bajulação...
( 2004 )
|